OBJETIVO: Descrever alterações de fala em escolares de 1ª a 4ª série e investigar a existência de associação entre essas alterações e os distúrbios de motricidade orofacial (MO) e de processamento auditivo. MÉTODOS: Estudo transversal com amostra aleatória e estratificada composta por 288 escolares, calculada com base num universo de 1.189 crianças matriculadas em escolas públicas da área de abrangência de um centro de saúde de Belo Horizonte. A idade mediana foi de 8,9 anos, sendo 49,7% meninos. Foram utilizados: protocolo de MO adaptado do Roteiro para Avaliação Miofuncional; prova de Fonologia do Teste de Linguagem Infantil ABFW; e avaliação simplificada do processamento auditivo. Os dados foram analisados estatisticamente. RESULTADOS: Das crianças avaliadas, 31,9% apresentaram alteração de fala. Destas, 18% apresentaram desvio fonético, 9,7% desvio fonológico e 4,2% fonético e fonológico. Observou-se variação linguística na fala de 38,5% das crianças. Houve maior proporção de crianças com desvio fonético isolado na 1ª série e de crianças menores de 8 anos com desvio fonético e fonológico. Verificou-se associação entre desvio fonético e alterações de motricidade orofacial e entre desvio fonológico e alterações de processamento auditivo. CONCLUSÃO: A prevalência de alterações de fala em escolares de 1ª a 4ª série é considerada alta. Além disso, estas são associadas a outras alterações fonoaudiológicas, o que sugere que uma pode ser consequência de outra, apontando para a necessidade de diagnóstico e intervenções precoces.
PURPOSE: To describe speech disorders in students from 1st to 4th grades, and to investigate possible associations between these disorders and stomatognathic system and auditory processing disorders. METHODS: Cross-sectional study with stratified random sample composed of 288 students, calculated based on an universe of 1,189 children enrolled in public schools from the area covered by a health center in Belo Horizonte. The median age was 8.9 years, and 49.7% were male. Assessment used a stomatognathic system protocol adapted from the Myofunctional Evaluation Guidelines, the Phonology task of the ABFW - Child Language Test, and a simplified auditory processing evaluation. Data were statistically analyzed. RESULTS: From the subjects studied, 31.9% had speech disorder. From these, 18% presented phonetic deviation, 9.7% phonological deviation, and 4.2% phonetic and phonological deviation. Linguistic variation was observed in 38.5% of the children. There was a higher proportion of children with phonetic deviation in 1st grade, and a higher proportion of children younger than 8 years old with both phonetic and phonological deviations. Phonetic deviation was associated to stomatognathic system disorder, and phonological deviation was associated to auditory processing disorder. CONCLUSION: The prevalence of speech disorders in 1st to 4th grade students is considered high. Moreover, these disorders are associated to other Speech-Language Pathology and Audiology alterations, which suggest that one disorder may be a consequence of the other, indicating the need for early diagnosis and intervention.